terça-feira, 3 de março de 2015

Para estimular o debate, iniciativa cultural ajuda a retratar histórias da ditadura

por Vinicius Martins

Antes mesmo do nome “Comissão da Verdade” ganhar força na política nacional, alguns setores da sociedade já se mobilizavam para discutir o período de repressão no Brasil. Uma das bandeiras que promovem o resgate histórico dos 21 anos de chumbo do país foi levantada pelos agentes culturais. Desde 1985, o cinema, o teatro e a literatura abordam assuntos como o debate político, que desencadeou a Ditadura Militar, a tortura, o desaparecimento de opositores do Estado, a Anistia e as Diretas Já.

(divulgação)
O projeto Memórias da Resistência é um exemplo desse resgate histórico-cultural do período. A iniciativa foi idealizada a partir da história de Cleiton Oliveira. Em 2007, o estudante de História e cortador de cana descobriu arquivos do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) em uma casa abandonada no meio de um canavial. O local fica na cidade de Jaborandí-SP, em uma fazenda que pertenceu a um ex- -delegado do departamento.

Em 2009, por meio do edital Mídias Livres, do Ministério da Cultura, Tito Bellini, professor de Cleiton, idealizou o projeto e decidiu inscrevê-lo para continuar as pesquisas sobre os arquivos. Dessa forma seria possível aumentar a visibilidade e a discussão acerca do tema.


Memórias da Resistência consiste em filme, livro, site e boletins bimestrais. Marco Escrivão, diretor do documentário, reforça a importância dos arquivos encontrados e a meta do projeto: “o principal objetivo é dar visibilidade àquele achado, que era inédito até então, segundo a própria historiadora do Arquivo Público de São Paulo. E, como consequência, fomentar o debate a respeito do resgate da memória”.

Marco destaca não só o projeto, mas também o valor geral da cultura no resgate de histórias da Ditadura Militar, desconhecidas para a sociedade. “A cultura é o instrumento de identidade de um povo, é dela que emanam as reflexões sobre as conjunturas da sociedade, logo seu principal trabalho é cutucar as feridas, mexer e fazer doer para que elas efetivamente possam ser curadas e não escondidas”, considera, lembrando que “para entender os problemas brasileiros atuais, seja a questão agrária, política, de segurança ou da educação, é preciso, em primeiro lugar, entender de onde esses problemas vieram”.

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