Para estimular o debate, iniciativa cultural ajuda a retratar histórias da ditadura
por Vinicius Martins
Antes mesmo do nome “Comissão
da Verdade” ganhar
força na política nacional,
alguns setores da sociedade já se
mobilizavam para discutir o período
de repressão no Brasil. Uma
das bandeiras que promovem o
resgate histórico dos 21 anos de
chumbo do país foi levantada pelos
agentes culturais. Desde 1985,
o cinema, o teatro e a literatura
abordam assuntos como o debate
político, que desencadeou a
Ditadura Militar, a tortura, o desaparecimento
de opositores do
Estado, a Anistia e as Diretas Já.(divulgação) |
Em 2009, por meio do edital Mídias Livres, do Ministério da Cultura, Tito Bellini, professor de Cleiton, idealizou o projeto e decidiu inscrevê-lo para continuar as pesquisas sobre os arquivos. Dessa forma seria possível aumentar a visibilidade e a discussão acerca do tema.
Memórias da Resistência consiste em filme, livro, site e boletins bimestrais. Marco Escrivão, diretor do documentário, reforça a importância dos arquivos encontrados e a meta do projeto: “o principal objetivo é dar visibilidade àquele achado, que era inédito até então, segundo a própria historiadora do Arquivo Público de São Paulo. E, como consequência, fomentar o debate a respeito do resgate da memória”.
Marco destaca não só o projeto, mas também o valor geral da cultura no resgate de histórias da Ditadura Militar, desconhecidas para a sociedade. “A cultura é o instrumento de identidade de um povo, é dela que emanam as reflexões sobre as conjunturas da sociedade, logo seu principal trabalho é cutucar as feridas, mexer e fazer doer para que elas efetivamente possam ser curadas e não escondidas”, considera, lembrando que “para entender os problemas brasileiros atuais, seja a questão agrária, política, de segurança ou da educação, é preciso, em primeiro lugar, entender de onde esses problemas vieram”.