terça-feira, 3 de março de 2015

Como o anticomunismo se espalhou numa onda ideológica no país no período ditatorial

por Aline Ramos

Durante o período de Ditadutra Militar a caça aos comunistas foi um movimento notável que influenciou na política nacional até os dias de hoje. O movimento anticomunista tomou força por todo o país, porém a resistência ao comunismo vinha de anos anteriores. Apesar do Governo Militar caçar os comunistas durante o período ditatorial no Brasil, junto a eles estavam católicos, liberais, empresários, nacionalistas, fascistas e socialistas democráticos que se reuniam por um ideal quando o comunismo parecia tomar força no país.

A percepção de um “perigo comunista” no Brasil passou por um processo de crescente “concretização”, até atingir seu clímax com a Revolta de 1935. Assim, após a Revolução Russa de 1917, tiveram lugar no país a criação do Partido Comunista do Brasil (depois Partido Comunista Brasileiro – PCB) em 1922; a conversão do líder “tenentista” Luís Carlos Prestes ao comunismo, em maio de 1930, e sua ida para a União Soviética, no ano seguinte; e o surgimento, em março de 1935, da Aliança Nacional Libertadora, dominada pelos comunistas. Se em 1917 o comunismo no Brasil era visto ainda como um perigo remoto, “alienígena” e “exótico”, aos poucos ele foi se tornando mais próximo.

Estourou em 1935, uma revolta comunista em todo o país. Protagonizada principalmente por militares, os revoltos foram rapidamente derrotados pelas forças leais ao governo. O episódio logo viria a ser nomeado, pelos vencedores, de “intentona” — intento louco, plano insensato, desvario —, nome com que ficou, por muito tempo, consagrado na história. Esse evento foi chave para um desencadeamento da institucionalização da luta contra o comunismo no interior das Forças Armadas. Desta revolta, surgiu uma comemoração que ocorria todos os anos em homenagem às vitimas. O ritual de rememoração dos mortos leais ao governo, repetido a cada ano, tornava seu “sacrifício” presente, renovava os votos dos militares contra o comunismo e socializava as novas gerações nesse mesmo espírito.

Foi no quadro dessa cultura institucional, marcadamente anticomunista, que se viveu a ditadura do Estado Novo e que se formaram os militares que, em 1964, assumiram o poder. Com campanhas para levá-lo à sociedade, o anticomunismo se fundamentou em três bases, como aponta Sá Motta no livro “Em guarda contra o perigo vermelho: o anticomunismo no Brasil”. Que são: catolicismo, nacionalismo e liberalismo.

O catolicismo empreendia uma luta em que “o desafio comunista tinha origem na eterna luta entre bem e mal e na ação do grande tentador, Satanás”. A respeito do nacionalismo, Sá Motta chama atenção para a adoção, por parte dos conservadores, da ideia que a “nação” é um “corpo orgânico” fundamental para a manutenção da ordem do país. E enfim, os liberais recusavam, e até hoje recusam, o comunismo por entender que ele ia contra a liberdade e praticava o autoritarismo político, “destruindo o direito à propriedade na medida em que desapossava os particulares de seus bens e os estatizava”.

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