terça-feira, 3 de março de 2015

Para professores, livros explicam a ditadura mas há pouco interesse

por Fernando Martins

Nesta edição do aGente são apresentados vários aspectos do período da ditadura e a sua importância. Mas será que esse assunto é tratado com o devido cuidado e relevância nas escolas?

A Secretaria de Educação do Estado de São Paulo explicou, em entrevista ao aGente, que em 2008 foi proposto um currículo básico para as escolas da rede estadual nos níveis de Ensino Fundamental II e Médio.

O objetivo era apoiar o trabalho do professor em sala e contribuir para a melhoria da qualidade de aprendizagem, para garantir uma base comum de conhecimentos e competências de acordo com a realidade da rede, orientando as escolas no que concerne à promo- ção das competências necessárias para enfrentar os desafios sociais. O currículo articula, dessa forma, competências com conteúdos disciplinares.

A Proposta Pedagógica contida no currículo prevê ações entre as disciplinas, estímulo à vida cultural da escola e o fortalecimento de suas relações com a comunidade. Um dos materiais de apoio para o professor trabalhar em sala são os Cadernos do Professor e Aluno, organizados por disciplina/série (ano) nos quais são apresentadas as Situações de Aprendizagem com métodos e estratégias de trabalho e sugestões para avaliação e recuperação.

Lucia Isabel Aparecida Soares, responsável pelo conteúdo de História na Diretoria de Ensino de Bauru, comenta sobre esse currículo proposto e os cadernos do professor e do aluno e destaca sua eficácia: “esse currículo foi pensado de forma que, ao final dessa abordagem, esses jovens tenham a compreensão exata do significado desse período de regime militar e de qualquer outro de nossa história e o que cada época representa no presente para todos os brasileiros”.

Para Luis Fernando Cerri, professor da Universidade Estadual de Ponta Grossa, a importância de um estudo sobre o tema sem escolha de lado é essencial. “Não se trata de defender esta ou aquela versão, deste ou de outro personagem da época ou seus discursos, mas de abrir espaço para os estudos sérios que surgiram na ciência política e na história e que caracterizaram e definiram o papel histórico do regime militar”, observa.

Os livros e os estudantes

Luis Cerri acredita que o material didático tem melhorado na sua qualidade sob a vigilância ativa dos especialistas recrutados pelo Programa Nacional do Livro Didático, do Ministério da Educação, que cria um guia para ser encaminhado às escolas, que escolhem, entre os títulos disponíveis, aqueles que melhor atendem ao seu projeto político pedagógico.

Outra questão importante para entender como o assunto é tratado nas escolas, é reconher que o jovem, hoje, é afastado de questões políticas. Para Fabio Pallotta, professor de História da Universidade Sagrado Coração, isso é um problema da geração: “o jovem realmente está cada vez mais distante de assuntos políticos, e parte disso eu atribuo ao individualismo das novas gerações, ao uso abusivo das redes sociais e também pelo ensino nas escolas ser direcionado apenas para o vestibular, não se voltando para questões políticas.

A solução mais próxima para essa situação, encontrada por Luis Cerri, seria convencer esses cidadãos do presente e do futuro de que não há saída individual para os nossos problemas, mas apenas saídas coletivas e solidárias, só assim será possível aproximar esses jovens da política.

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